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  • — Trata-se de algo comum desde que o mundo é mundo. Afinal, quem de nós não quer ser único? É muito provável que, em algum momento, o irmão mais velho demonstre esse ciúme. Haverá outra festinha de aniversário que não a dele e, por exemplo, uma outra dinda que trará presente para o afilhado que não é ele — exemplifica a psicóloga e professora do curso de Psicologia da Fadergs Ana Cláudia Menini Bezerra.

    Segundo Ana Cláudia, pesquisas sobre o tema apontam que crianças menores podem reagir pior à chegada do irmãozinho por um medo real de separação da mãe. 

    – Aos três anos, a criança geralmente já está frequentando a escolinha. Então, ela vivencia uma separação dos pais, e a chegada do caçula pode se somar a esta fase delicada– explica a psicóloga.

    Os mesmos estudos mostram que, a partir dos quatro anos, a criança tende a lidar de maneira mais positiva com a chegada do irmão.

    Chame o mais velho para participar da ecografia à escolha do enxoval

    É por isso que a psicóloga defende que os pais tratem a situação com normalidade, o que não significa agir como se nada estivesse acontecendo. Alguns sinais de que o ciúme chegou podem ser notados quando o filho mais velho retoma comportamentos que havia abandonado: usar bico, querer voltar a dormir na cama dos pais ou voltar a fazer xixi na roupa. Nessa hora, atitudes simples podem ser colocadas na rotina e espantar o sentimento (veja abaixo). Tudo vai se encaminhar melhor se, já na gestação, o assunto for tratado pelos pais.

    – O ideal é inserir a criança na gestação do irmãozinho ou irmãzinha, ajudando na escolha do enxoval, participando de uma ecografia. Relembrar todo o processo de sua chegada, mostrar que ela teve esse mesmo carinho e cuidado que está tendo o caçula – afirma a psicóloga e diretora financeira da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul Ivete Kemper.

    Mas Ivete alerta: é preciso respeitar o tempo da criança mais velha, jamais forçá-la a fazer o que não quer. Com preparação antes do parto e atenção em casa, os pais têm tudo para lidar com a situação e fazer o ciúme do mais mais velho virar apenas fruto de boas risadas entre os irmãos no futuro. 

    Se o assunto não for bem conduzido, há riscos. Ivete lembra de um caso que chegou a seu consultório anos atrás: a irmãzinha mais velha estava machucando o bebê.

    – Ao investigar melhor aquele caso, percebi que os pais lidavam de uma forma errada com o ciúme. Valiam-se muito de advertências verbais, de deixar de castigo, e menos de tentar entender o que estava acontecendo. Acabavam apenas reforçando a revolta da mais velha – recorda.

    Inácio, o melhor amigo de Vicente

    Andréa Graiz / Agência RBS
    Michael e Marcela com Inácio, dois meses, e Vicente, quatro anos: preparação desde a gestação

    Foi assim, desde a gestação, que a securitária Marcela Souza Pereira e o professor Michael Gomes, ambos com 36 anos, apresentaram o irmãozinho a caminho ao filho mais velho, Vicente, de quatro anos: era o melhor amigo dele que estava chegando. Os pais acreditavam que esse era uma das estratégias para criar vínculo saudável entre os irmãos. Mas não imaginavam o efeito que haveria no dia de levar o filho para conhecer o recém-nascido.

    – Achava que ele ia sentir muito a falta da mãe dele, fazia dois dias que o Vicente não a via. Aí, veio a surpresa. Quando entrei no quarto e a mãe foi abraçá-lo, o Vicente ou por baixo das pernas dela e correu para o irmão dizendo: “Meu mano! Meu mano!”. Não queria saber de mamãe, de papai, só queria saber do mano. Eu me arrepio com isso – lembra Michael.

    Falar do irmãozinho como o melhor amigo foi parte dos cuidados. Nesse mesmo dia, antes de levá-lo ao hospital, o pai entregou um presente que disse ser dado por Inácio. Nas primeiras semanas, com Marcela focada na amamentação, Michael centrou atenções em Vicente para minimizar qualquer sentimento de abandono. E para envolver familiares e amigos, o casal estabeleceu uma regra para as visitas que vinham conhecer o novo morador.

    – Quem entrava aqui em casa, primeiramente, tinha de dar um beijo no Vicente. Depois, sim, ir ver o Inácio – conta o pai.

    Não deixe o mano ser sinônimo de estorvo

    Andréa Graiz / Agencia RBS
    Falar do irmãozinho como o melhor amigo foi parte dos cuidados

    A mãe afirma que todo o plano nasceu a partir de conversas com outras mães, amigos, vizinhos e familiares. Uma das decisões do casal, por exemplo, foi evitar pedir a Vicente qualquer coisa para o irmão, como pegar um paninho.

    – Decidimos não pedir para o Vicente pegar isso, pegar aquilo. Se ele quiser, pode pedir para ajudar. Isso, para o Vicente não associar o irmão a um estorvo, a algo que faça ele parar de brincar. É muito legal, porque ele pede mesmo para ajudar – conta Marcela.

    Para não dizer que a nova configuração familiar não teve nenhum efeito, ela lembra uma semana em Vicente teve mudanças no comportamento:

    – Houve uns dias em que ele fez xixi na roupa do nada, no meio da sala, algo que não acontecia. E, na escolinha, a professora relatou ele mais bravo. A gente conversou com ele, ficamos atentos, e não durou mais do que isso, uns dias.

    Os sinais de que o ciúme pode ter chegado

    Como lidar com a situação em casa

    Durante a gestação

    Com o caçula já em casa

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