Sioma Breitman (1903-1980) também não deu seu primeiro choro de vida na capital gaúcha. Foi na Ucrânia, onde nasceu. Mas aqui, à beira do Guaíba, para onde veio com a família a fim de escapar do conturbado período da Revolução Russa de 1917, é que se tornou um fotógrafo de nome reconhecido. E não à toa. É de Breitman a autoria de alguns dos registros mais emblemáticos da história da Capital no último século, expostos na mostra Sioma Breitman — O Retratista de Porto Alegre, no Grande Hall do Farol Santander.
São cerca de 200 imagens reproduzidas em ampliações grandiosas, de até 3m x 5m, sob curadoria de Andrea Pires e Fernando Bueno. Mais do que um imenso álbum de fotos, trata-se de uma reportagem fiel da vida da aniversariante Porto Alegre entre as décadas de 1920 e 1970.
— É uma mostra inédita em homenagem à capital gaúcha, que oferece ao público uma viagem no tempo pelo olhar refinado, poético e crítico. Com esta mostra celebramos a arte e a cidade, reafirmando nosso compromisso com o resgate da memória de Porto Alegre e fortalecendo nossa missão de continuar a despertar a criatividade, fomentar a cultura e estimular a diversidade de seus habitantes — define Patricia Audi, vice-presidente do Santander Brasil.
De retratos posados a flagrantes da vida urbana, do luxo de casamentos da alta sociedade gaúcha ao dia a dia exaustivo dos trabalhadores da cidade, evidenciando a desigualdade social, até a reportagem de tragédias históricas como a enchente de 1941, as fotografias do ucraniano de coração porto-alegrense demonstram como foram vividos alguns dos 250 anos de Porto Alegre. E revelam, ainda, como o próprio retratista viveu os seus anos na cidade, através dos diferentes posicionamentos artísticos identificáveis em suas obras.
Porto-alegrenses ou não, mais de 40 artistas têm suas obras reunidas por uma musa inspiradora comum: Porto Alegre. São eles que assinam a atual fase da exposição de longa duração Acervo em Movimento, do Margs, que opera em um modelo de rotatividade do acervo. Agora, a mostra abriga cerca de 60 trabalhos alusivos à capital dos gaúchos feitos por nomes de diferentes gerações, como Libindo Ferrás, Aldo Locatelli, José Lutzenberger, Maristela Salvatori e Xadalu.
— Com a estratégia de rotatividade das obras expostas, as substituições geram recombinações que procuram propor novos diálogos e chaves de compreensão, oferecendo ao público uma exposição sempre viva e dinâmica, que aposta na experiência mais do que nos discursos, e na descoberta mais do que nas verdades. Nesta nova versão, a novidade, além do tema em si da cidade de Porto Alegre, é que estamos trazendo algumas obras que estiveram presentes em meses recentes em outras exposições do Museu, e que agora são apresentadas novamente, porém em novos contextos propostos quanto a relações visuais, conceituais, históricas e discursivas — destaca o diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol.
Compondo um conjunto diverso em pintura, gravura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e performance, em um arco temporal que vai de 1918 a 2016, a exposição oferece um percurso pela Porto Alegre do ado e do presente. O objetivo, mais do que parabenizar a Capital, é convidar o público a constituir seus próprios caminhos interpretativos, estabelecendo os encontros, as relações e as conexões entre as obras e a história da cidade.