
A influenciadora digital Marcela Montellato publicou nesta semana um vídeo em que aparece sendo hostilizada por uma norte-americana durante um evento em Nova York. Ao compartilhar o ocorrido, a jovem escreveu que foi atacada por uma "Karen".
Marcela estava em um espaço reservado para convidados na pré-estreia do longa É Assim Que Acaba. No local, havia um tapete vermelho por onde os atores do filme ariam. Enquanto gravava um vídeo mostrando como foi a experiência, uma norte-americana disse:
— Pode parar de gritar no nosso ouvido? Você não está agindo como uma pessoa normal. (...) Você é de outro país? (...) Volte para o seu país.
Marcela fica calada, mas quando volta a falar, é diretamente atacada pela mulher. O vídeo viralizou nas redes sociais e a atitude da norte-americana foi classificada por internautas como xenofobia.
— Infelizmente, ninguém do local, além da brasileira que estava comigo, me defendeu. Foi uma situação bizarra. Quando ela falou: "Os nova-iorquinos são todos assim" ou "Volte para o seu país", ninguém fez absolutamente nada além de olhar a situação, quase como se concordassem com ela — disse Marcela ao g1.
O que é uma Karen
A expressão é popular nos Estados Unidos, sendo usada como meme para se referir a mulheres brancas histéricas. O estereótipo é de uma mulher de classe média com comportamentos racistas, que exagera situações ou é controversa.
Uma Karen é frequentemente descrita como "a mulher que quer falar com a gerência", mas também já foi caracterizada no The New York Times como "a fiscal de todo comportamento humano".
A pesquisadora e professora da Universidade do Estado do Kansas, Heather Suzanne Woods, especialista em origem de memes, descreveu uma Karen ao The Atlantic como uma pessoa com "um senso de privilégio, egoísmo e uma vontade de reclamar". O termo ganhou força principalmente durante a pandemia de covid-19, quando Karen era associada também ao negacionismo e à reclamação sobre o uso de máscaras.
Como muitos memes que viralizaram, a origem do termo Karen não é totalmente conhecida, mas já foi associada ao filme Meninas Malvadas (2004) — em que a personagem Karen é vivida por Amanda Seyfried. No longa, a atitude mais distintamente Karen de Karen é perguntar para a personagem de Lindsay Lohan por que ela, se veio da África, é branca.
Muito antes de viralizar nas redes sociais, no entanto, Karen já era um termo popularizado pela comunidade negra nos Estados Unidos para se referir à mulher branca que insiste em exibir os seus privilégios.
Também ao The Atlantic, a pesquisadora de mídia da Universidade de Virginia, Meredith Clark, enfatizou que Karen é apenas o mais novo termo para uma ideia antiga:
— A referência em si sempre existiu, mas não era específica de um nome só. Karen já teve muitos nomes. Nos anos 1990, quando Baby Got Back (canção de Sir Mix-a-Lot) foi lançada, era Becky.
O estereótipo, principalmente neste contexto, é o uso do privilégio como arma contra pessoas não brancas, como mulheres que fazem queixas policiais contra negros por infrações menores.
Problematizado por sua conotação machista, Karen também evoluiu para incluir homens, mas Karens masculinos também ganharam a sua versão como "Kens".