
ado pouco mais de um mês do começo da aplicação da vacina bivalente contra a covid-19, em Caxias do Sul, 8.290 pessoas foram imunizadas no município, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Os dados são contabilizados de todas as unidades básicas de saúde (UBSs) do município para um sistema integrado.
A vacinação começou em 15 de fevereiro, com a aplicação de doses nas instituições de longa permanência para idosos (ILPIs). Foram colocadas à disposição deste público 900 doses. Nem todos os moradores das casas asilares foram vacinados porque alguns ainda não estavam no prazo de quatro meses de intervalo entre a última aplicação, outros estavam com sintomas gripais, que impede a vacinação, além dos que recusaram a aplicação da vacina.
Dias depois, em 24 de fevereiro, a imunização foi ampliada para pessoas com 70 anos ou mais e, no dia 13 de março, para a faixa etária dos 65 anos ou mais. Já na última sexta-feira (17), a vacinação avançou para as pessoas com 60 anos ou mais, gestantes e mulheres que tiveram bebê há 45 dias. Conforme a SMS, a estimativa é vacinar 83.755 pessoas na faixa etária dos 60 anos ou mais.
A partir desta quarta-feira (22), a vacina bivalente a a ser oferecida também a trabalhadores da saúde e pessoas com deficiência permanente de 12 anos ou mais no maior município da Serra. Para receber a bivalente é preciso ter tomado ao menos duas doses de vacinas da covid-19 e respeitar o intervalo de quatro meses após a última aplicação. Os trabalhadores da saúde devem comprovar vínculo com o estabelecimento do setor.
Como a aplicação começou há poucos dias, a expectativa é que esse número aumente. Segundo a SMS, a procura não tem sido grande, mas é preciso avaliar que é um momento de vacinação bem diferente dos anteriores, quando o número de casos era maior. Ainda há doses suficientes para os públicos contemplados, que podem procurar as UBSs normalmente. A vacina bivalente está disponível em 17 postos de saúde, às segundas, quartas e sextas-feiras e na UBS Serrano, às segundas e sextas. Não há falta de doses no município.
Sandra Tonet, diretora da Vigilância em Saúde de Caxias do Sul, avalia que a procura tem sido baixa até o momento e, por isso, o público foi ampliado.
— Esperamos que esse público, nos próximos dias, busque as UBSs para se vacinar, porque observamos uma baixa adesão e procura para a vacina bivalente — afirma.
A infectologista do Controle de Infecção Municipal, Anelise Kirsch, destaca que a vacina bivalente é uma versão atualizada da utilizada nas campanhas em 2021.
— Agora, ela foi elaborada com a variante Ômicron. Ou seja, quem recebe a vacina bivalente recebe dupla proteção: contra a covid original, de 2020, e contra a variante Ômicron, que foi responsável pela maior parte das internações e óbitos em 2022 — pontua a infectologista.
O objetivo da SMS é que, aos poucos, seja possível contemplar toda a população com as doses da vacina bivalente.
— As pessoas não precisam ter medo dessa vacina. Ela tem a mesma tecnologia que a vacina da Pfizer tinha com mais a cepa da Ômicron. Quem se vacina com ela, vai ter as duas proteções. A gente pede que as pessoas se sintam seguras com ela — afirma Anelise.
Vacina bivalente
A vacina bivalente imuniza contra mais de uma versão do vírus de uma só vez. Para isso, é usada a tecnologia do mRNA, com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, é usado o código da cepa original do coronavírus e o da variante Ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo. A fórmula é a mesma da Pfizer que já estava sendo aplicada, mas com compostos adicionais que permitem aumentar a proteção. Os frascos se diferenciam dos demais por terem a cor da tampa cinza.
As demais vacinas usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos. O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organelas que, entre outras funções, sintetizam proteínas dentro das células).
A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, a proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis. Isso significa que os anticorpos e linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Por isso, é possível imunizar uma pessoa sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético. As doses são destinadas aos grupos com maior vulnerabilidade e que também evoluíram os casos com maior gravidade durante a pandemia.