
Valorizar e documentar a presença das religiões de matriz africana em o Fundo e na Região Norte. Esse é o objetivo da exposição fotográfica “Memória, Orgulho e Identidade”, que será inaugurada no dia 17 de junho no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS).
O projeto, financiado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul via pró-cultura e com recursos da Política Nacional Aldir Blanc propõe uma imersão visual e estética nos terreiros de religiões afro-brasileiras presentes no interior gaúcho.
As 31 fotografias, captadas em seis casas religiosas nas cidades de o Fundo e Carazinho, retratam os espaços, os rituais e as lideranças espirituais que resistem ao racismo estrutural e à intolerância religiosa. O fotógrafo responsável pelos ensaios é Diogo Zanatta.
— Essa foi a primeira vez em que entrei de verdade nesses espaços, com escuta e cuidado. Mais do que captar imagens, era preciso entender o lugar, a fé e o simbolismo de cada gesto. Meu desejo é que as pessoas enxerguem essas imagens com respeito, como pontes para conhecer e valorizar as religiões de matriz africana — destaca.
O Rio Grande do Sul tem o maior percentual de praticantes de religiões de matriz africana entre os Estados brasileiros, segundo dados sobre religião do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os seguidores destas fés formam 3,2% da população do Estado — mais de 306 mil pessoas. O grupo inclui praticantes de umbanda, candomblé e vertentes regionais, como o batuque.
— A exposição é uma forma de valorizarmos a ancestralidade e reafirmarmos a liberdade religiosa como um direito fundamental. Ao trazer para o espaço museológico as imagens e as histórias das religiões de matriz africana, convidamos o público a refletir sobre o respeito às diferenças e o combate ao preconceito — afirma a curadora da exposição, Patrícia Vivian.
Só em 2024, foram mais de 3,8 mil denúncias de violação à liberdade religiosa no Brasil, com a maioria das vítimas sendo pessoas negras e praticantes de religiões de matriz africana. A partir desse cenário, a exposição também destaca um viés de reconhecimento e promoção da educação.
Após a estreia em o Fundo, “Memória, Orgulho e Identidade” estará em outras cidades do norte gaúcho, como Marau, Erechim, Carazinho e Palmeira das Missões. Além das fotos, o projeto também inclui o lançamento de um livreto educativo e conteúdos audiovisuais nas redes sociais.
Serviço
- O que: exposição fotográfica “Memória, Orgulho e Identidade”
- Quando: dia 17 de junho, às 18h
- Onde: no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), na Universidade de o Fundo (UPF)