
Somente na quinta-feira (29), a área destinada à exposição, degustação e venda de produtos com indicação geográfica (IG) no Connection Terroirs movimentou cerca de R$ 40,5 mil, conforme estimativa do Sebrae. A expectativa é ultraar os R$ 110 mil em negócios até este sábado (31), quando termina o evento. O Connection começou na quarta-feira, mas a venda ao público iniciou no dia seguinte.
A edição deste ano teve aumento de 92,5% no número de IGs participantes na comparação com as duas últimas. São 52 indicações, entre Indicações de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Entre os produtos que os visitantes ainda podem conferir neste sábado estão vinhos, queijos, mel, cafés, artesanato, entre outros.
As as de barro produzidas pela Comunidade Indígena Raposa 1, na cidade de Normandia, em Roraima, estão entre os itens que chamam a atenção na Rua Coberta. Tradição milenar reada de geração em geração, elas começaram a ser produzidas para venda há cerca de 10 anos quando os indígenas perceberam o interesse dos turistas que visitavam a aldeia.

— Era costume das nossas anciãs trocarem a a por uma carne de caça, um peixe ou frutas. Nós começamos a pensar em comercializar por conta de pessoas indo na nossa comunidade nos visitar. Começamos a entender o que é o turismo, essa troca de experiência onde uma pessoa visita uma comunidade, conhece os costumes e as tradições e quer também comprar algo para levar como lembrança — conta Enoque Raposo, diretor da Associação Maikan Yerin.
Em agosto do ano ado, a a de barro produzida pela comunidade Raposa 1 conquistou a indicação geográfica e, com isso, cresceu o número de turistas na comunidade. Apesar do aumento na demanda, Enoque diz que a escala de produção continua pequena, porque o trabalho respeita um ritual sagrado. As as são feitas com barro de cima da Serra e para retirá-lo é preciso de autorização de uma entidade que protege a matéria-prima. Quem busca o barro deve antes se preparar e estar livre de energias ruins.
Os produtos estão expostos na Rua Coberta e na Praça Major Nicoletti das 14h às 21h. O Brasil tem, atualmente, 134 indicações geográficas e outras 43 aguardando análise do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
*A colunista viajou a Gramado a convite da organização do Connection Terroirs.